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Ontem a noite li algo num blog que até agora não saiu de mim. A família lançará o CD de Yoñlu. Sabe quem é Yoñlu? Não. Eu não sei, você não sabe. O mundo não sabe. Mas deveria saber.

Era uma vez um garoto tímido, que aprendera a tocar bateria aos quatro anos. Depois o violão, depois o piano. Aos 12 anos ele já lia Kafka.

Certamente não era dos mais falantes na escola, mas sim daqueles que em meio a aula sentam encostado na parede com um livro nas mãos.

Tudo fazia este garoto ser normal para o mundo que o rodeava. Mas poucos sabiam que ele tinha um mundo dentro de si. Até que é encontrado morto aos 16 anos, no seu quarto. Pasmem, seus amigos da internet o ensinaram como ter uma morte bem sucedida por intoxicação.

Poderia ser um personagem virtual qualquer, se não fosse um detalhe. O jovem fez de seu quarto seu refúgio e sua arte. Ali, compôs diversas músicas de uma qualidade incrível, desenhos e fotos espetaculares. Yoñlu era conhecido por artistas do mundo inteiro, e, mentindo ter 26 anos, fez uma parceria com um DJ escocês onde sua música tocou em em festas eletrônicas de Londres. Yoñlu se expandiu, Vinícius sucumbiu. Yoñlu viveu o que Vinícius negou.

Isto sem falar que o garoto produziu um CD seu, onde todos os desenhos e fotografias integradas são de sua autoria. Incrível.

Vinícius se matou em 2006. Onde sua obra esteve até dia 24 de janeiro de 2008 eu não sei, mas agora a família vai lançar o CD.

Quando Vinícius e Yoñlu se tornaram um, Porto Alegre ficou mais triste. A música calou. A vida assim tão frágil, nos permite ter mil faces em uma, e cantar com as mais diversas vozes as sinfonias de nossos passos. Mas destas vozes, Vinícius preferiu aquela que deseja calar-se.

"A cadência e a harmonia certas no momento certo podem despertar qualquer sentimento, inclusive o de felicidade nos momentos mais sombrios." (Yoñlu)